terça-feira, 25 de abril de 2006

Manhã de Abril

Olhem, há cravos nas ruas
e há gritos que se soltam...

As brumas do futuro
Sim, foi assim que a minha mão
Surgiu de entre o silêncio obscuro
E, com cuidado, guardou lugar
À flor da Primavera e a tudo
Manhã de Abril
E um gesto puro
Coincidiu com a multidão
Que tudo esperava e descobriu
Que a razão de um povo inteiro
Leva tempo a construir
Ficámos nós

Só a pensar
Se o gesto fora bem seguro
Ficámos nós

A hesitar
Por entre as brumas do futuro
A outra acção prudente
Que termo dava
À solidão da gente
Que deseperava
Na calada e fria noite
De uma terra inconsolável
Adormeci
Com a sensação
Que tinhamos mudado o mundo
Na madrugada
A multidão
Gritava os sonhos mais profundos
Mas além disso
Um outro breve início
Deixou palavras de ordem
Nos muros da cidade
Quebrando as leis do medo
Foi mostrando os caminhos
E a cada um a voz
Que a voz de cada era
A sua voz
A sua voz

(Pedro Ayres Magalhães;
interpretado por Madredeus)

Este ano não me apetece ouvir o Zeca.

E a liberdade?
Valeu a pena, pois!
Mas eu não estava. Tudo se passou na minha ausência.
Então e agora? Estou e não estou.

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