sábado, 17 de junho de 2006

Presentes atrasados

o de 6ª feira

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Corre-te nas veias essa água
Do mar imenso
Banha os socalcos das tuas células
Como os socalcos da Terra
Que nas praias se ajoelha diante dele
Como que conversando com Deus
Ou consigo própria
Assim vais tua diante dele
Caminhando pelos teus pensamentos
Provocando-lhe calafrios
Lá bem nas profundezas do céu onde nasce
E todo ele tremendo
Vem em ondas ajoelhar-se perante ti
Beber força em ti
Oferecer em troca as suas ondas
Orações vibrantes
Que vibram desde lá
Onde o mar beija o horizonte
E acaricia a face do céu
F.F., Junho de 2006

O texto não foi escrito por mim mas para mim. (Mais um presente!)
Sou eu nele e ele sou eu.

*Não gostei do título, F.F.. Vou pensar noutro.
E se eu desse ao poema o nome que é meu?!


o de 5ª feira

"- Sabes... quando se está muito triste, muito triste, é bom ver o pôr do Sol..."
O Principezinho, de Saint-Exupéry (E que presente!)

Há dias em que me sinto com uma energia que se transforma em agitação, num querer fazer tudo e nada fazer. Sensação semelhante à pós-copos-de-vinho-tinto: tremuras nas extremidades e um não conseguir estar quieta. Se me conheço, sei que a melhor forma de ultrapassar a crise é esgotar toda a energia, pôr-me a mexer. Fiquei assim depois do jantar. (Calma, não houve vinho tinto; talvez efeito da ansiedade ou da tristeza.)
Dois quilómetros mais tarde estava junto ao mar e contemplava o pôr do sol. (Um dos mais belos dos últimos 27 anos!)
Tive-a assim só para mim beijada pelo azul da água e pelo cinzento do ar. Umas gotinhas atrevidas soltaram-se e, docemente, acariciaram-me a pele suada pelo esforço da caminhada. Aos poucos foram crescendo.
Absorvida no momento, anestesiada pelo cheiro da areia molhada, deixei-me ficar adormecida naquele instante.

Percebi que vou poder lavar o cabelo nos próximos tempos; as rastas resistiram à chuvada. E eu também.

2 comentários:

Anónimo disse...

Atrasados? A mim parece-me que estão a chegar adiantados... Assim não vale... a mim só me dão presentes duas vezes por ano e é do género pijamas e coisas assim... não poemas!

Fada do mar disse...

também conheço esses presentes: os pijamas e as meias no Natal! Mas olha, Paula, se junto com as meias vier um poema ou um sorriso feito de poesia, eu serei uma mulher feliz!