quarta-feira, 14 de junho de 2006

O presente

Olho pela janela; troveja; não chove, ainda.
Chove em mim. Arrefeceu, apesar da temperatura elevada. O frio da desilusão, da falta de respeito do ser humano, do vale tudo.
É assim o presente.
Há distância de uma chamada, a voz de um amigo (que inveja o mar):
-Não achas que estás a dar demasiado valor a isso?
-Eu sei que estou. Vou ficar bem. Amanhã, ao recordar o momento, irei sorrir.
Prometo.
Neste presente o teu presente (logo a seguir ao do Chico):


O Cofre dos Teus Segredos

Acariciando os meus pés na areia molhada,
os meus olhos caminham pela imensidão do mar,
à procura de águas calmas onde me sentar,
mas todo ele é revolta e saudade,
ciúme e tempestade.
Sentei-me aqui na areia
esperei que ele viesse até mim,
depois de acalmar, o mar.
Em esforço se impelia para mim
rebolando-se sobre si mesmo
mas algo mais forte o violentava
e, constrangido, recuava.
O meu olhar mudo
continuou a chamá-lo,
cerrei os meus olhos
como quem cerra os lábios para beber,
queria tragar toda a sua força,
saciar com ela a minha alma,
onde eu poderia mergulhar
e desvendar, quem sabe decifrar,
todos os segredos que confiaste ao mar.
Foi a promessa que ele te fez
que não o deixava vir até mim,
prometeu-te segredo eterno,
sacrificou a sua calma
para viver as tempestades por ti,
confiou-te a sua alma
para seres maior que ele!
F.F., 2005
Obrigada F.F.!

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