o de segunda-feira
À segunda é dia de carta e eu hoje tive o privilégio de receber uma
carta privada
Minha querida,
o mais preocupante com a experiência,
com a experiência que se acumula com a passagem dos anos,
é que se torna cada vez mais difícil
ver o mundo com originalidade,
isto é, como na primeira vez.
É este o esforço que devemos a nós mesmos
para que a experiência não se torne a corda
com que nos enforcamos, a corda
com que enforcamos os nossos sonhos
e a capacidade de mudar.
Luto cada vez mais ferozmente,
dia a dia, linha a linha,
para derrotar a experiência,
esse lixo que se deposita em nossos corações
e, se não o limparmos regularmente,
corremos o risco de os deixar inabitáveis.
Um coração inabitável é um coração a menos;
um coração a menos é matemática.
Limpa o teu coração da experiência acumulada,
deixa que ele se torne de novo habitável
e possas então receber alguém com quem abrir
as janelas e sentarem-se juntos os dois
a ver aquele doce barco de que me falas
para lá e para cá, para lá e para cá,
a dançar no salão da ria.
Um beijo que te faça sorrir,
e sem que manche esse mau feitio,
PJM
Quem disse que eu tinha perdido a capacidade de ser surpreendida?!
Há sempre alguém que, não me conhecendo, conhece tanto de mim!
Obrigada, PJM!
segunda-feira, 19 de junho de 2006
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